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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

III CAPÍTULO


CAPÍTULO III
 CEIA, CELEBRAÇÃO OU CONDENAÇÃO ?




Desde criancinha, eu assistia na igreja todo tipo e modelo de culto imaginável. Culto de: celebração, fúnebre, adoração e louvor, aniversário, casamento, matutino etc. Um dia ouvi um cantor evangélico dizer uma frase que parece muito comigo: “Só não nasci na igreja porque no dia não tinha culto.” Isso refere-se a constante freqüência de uma família cristã evangélica nas programações da igreja local.
Lembro-me que muitas vezes acordava no final das madrugadas ouvindo os irmãos cantarem um hino do hinário batista, que diz: Bem de manhã, embora o céu sereno pareça um dia calmo anunciar. Vigia e ora, o coração pequeno, um temporal pode abrigar. Bem de manhã e sem cessar, vigiar e orar...”.  Aquela melodia tocava de forma profunda em meu coração e adentrava em minha mente como se estivesse me chamando a alguma coisa responsável, nobre, especial e que não conseguia explicar. Acordar ouvindo uma mensagem que falava do silêncio da manhã, onde a cidade ainda começava acordar, os crentes estavam ali, orando pelas pessoas daquela cidade e do país, era maravilhoso.

Ouvia pássaros e galos começando a cantar, o sol começando a sorrir. Eu ficava no quentinho da cama, debaixo do cobertor, mas a minha cabeça cheia de pensamentos e imaginações férteis. Era um momento de reflexão para mim. Momentos como esses é que se torna marcante na vida de um filho de pastor.
Acordar pela madrugada e ver o pai prostrado diante do Deus vivo, ir à igreja e vê-lo sendo usado por Deus como profeta e mensageiro de sua palavra, isso é simplesmente um privilégio sobrenatural,  um verdadeiro refencial de vida com Deus.
Mesmo participando de tantos cultos, nada me chamava mais a atenção do que a Ceia do Senhor. Era um instante intrigante e de muitos questionamentos em minha cabeça.
A Ceia teve vários momentos para mim. Era pequenino, apenas uma criança e não compreendia o real motivo daquele culto que se chamava “Ceia do Senhor”. Esperava a hora de sobejar um restinho do vinho no copinho de minha mãe. Ah, como queria beber daquele cálice, comer daquele pão quadradinho, queria ter o privilégio que os adultos estavam tendo. Será que Jesus não teria deixado eu participar daquela Ceia que era a celebração e lembrança de Sua morte. Sera? Só porque eu era uma criança?
Meu pai estava ministrando a Ceia e provavelmente ele não iria permitir uma “blasfêmia” dessas. Foi isso que nos ensinaram: “Ceia é coisa de gente grande”.

Mas eu apelava para minha mãe e dizia: Mãe, deixe só um pouquinho pra mim! E mãe você sabe como é, tolerante com o filho, sente os desejos do filho, sonha o que o filho sonha. E ela não era diferente das outras. Sabia perfeitamente que eu queria tomar o vinho para ser igual aos adultos. Ela sabia que eu queria ser importante, que era criança, mas queria participar da "festa". No entanto,  a religião ou a doutrina, abria uma brecha em seus estatutos humanos para reprimir um desejo de celebração verdadeiro. Os argumentos eram e são os mais esquisitos possíveis. Quem já viu uma criança participar da Ceia se ela não tem nem idade e nem responsabilidade pra participar desse momento? A ordem era privar as criancinhas de tão profunda lembrança do Senhor e da comunhão dos irmãos. Mas que comunhão segregadora era esta?  
Por essas e outras, me tornei em um verdadeiro ladrão de pão e vinho. As escondidas eu bebia o restinho do copo e me sentia salvo, mesmo contra a vontade dos adultos religiosos. Às vezes até me escondia debaixo do banco com o cálice pra ninguém ver, acobertado por minha mãe e ela ainda dizia, fica quieto aí. A partir daí, a Ceia passava a ser para mim, um momento de alguns, de gente grande, dos mais santos e eu não tinha idade para ser santo ainda.
Depois desse período, comecei a buscar outra forma de participar da Ceia às escondidas. Na minha pré adolescência, fiz amizade com os diáconos (e claro que eles estavam subordinados ao meu pai) e por ser “filho do pastor”, eles me ajudavam. Assim que terminava a celebração da Ceia, eu corria para parte de trás da igreja e em uma sala, que ficava só os diáconos, eu chegava com aquela cara de “me dê uma chance”. Quando eles abriam a bandeja, meus olhos brilhavam. Via que tinha sobrado os pães e os cálices cheios  e pensava comigo mesmo: " Agora sim, eu posso participar dessa Ceia e à vontade. Eu bebia todos os cálices e comia todos os pães. Mais uma vez me alegrava com a sobra da Ceia.
Um momento tão especial na igreja, passava a ser para mim uma condenação, uma batalha de esquemas escondidos para poder participar daquele culto tão especial. Um comungante, sem a comunhão da igreja.

E por falar em comunhão, eu não poderia ficar só nessa aventura. Comecei a chamar os filhos dos crentes que tinham a minha idade, para ficar comigo e fazermos uma Ceia entre nós. Uma ceia de resto de pães e vinhos, uma Ceia para encher a barriga. Tinha até confusão, mas os diáconos administravam dizendo: “calma pessoal, vai dar pra todos”. Tudo feito atrás das cortinas.
Mas o pior ainda estava por acontecer. Quando liam o versículo: "Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim, coma do pão e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si" (1 Coríntios 11:27-29), entendia erradamente que a Ceia era um momento de peso, até porque só quem poderia participar  era membros da igreja, registrado e lavrado no cartório religioso, aqueles que estavam "sem mácula, sem pecado".
A palavra "indignamente" era freqüentemente mal entendida. Soava mal aos meus ouvidos. Não sabia que esta palavra descrevia o modo errôneo de participar da Ceia. Refere-se à pessoa que não leva a sério a celebração, que brinca  com o sacrifício de Cristo e seu sangue derramado na cruz. Para aqueles que tratam a Ceia do Senhor como um mero ritual, ou tomam levianamente e deixam de meditar no seu significado real, trazendo condenação a si diante de Deus, nos tornando, nesses casos, indignos para a celebração da ressuceição de Cristo.
Parte de minha vida recebi aquilo como algo aterrorizante. Achava que dia de Ceia era dia de peso. No mínimo, dia de bancar uma aparente santidade. Dia de passar o culto inteiro clamando perdão a Deus para não entrar em condenação.
A verdade é que para mim, um  “FDP”, rebelde como muitos falavam, tinha a Ceia como um momento de pausa santíssima ou de condenação momentânea. Como um dia poderia participar de uma comemoração que exigia tanta santidade? Era impossível. E os pecados que cometi na escola? As mentiras que contei aos coleguinhas? Os lanchinhos que roubei dos amiguinhos? Os piolhos que tirei da minha cabeça e coloquei na cabeça dos amiguinhos? E a vergonha que eu tinha de ir aos cultos de evangelismo público com meu pai, já que meu testemunho na escola era tão frágil? E agora? É, realmente essa tal Ceia do Senhor não era para mim. Pelo menos era o que eu imaginava.

DESCOBRINDO O VERDADEIRO SENTIDO DA CEIA

Depois de alguns anos de luta religiosa, me deparei com o verdadeiro sentido da Ceia. Entendi perfeitamente o que a palavra nos diz em Romanos 8:1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Eita Deus maravilhoso. Aleluia!
Recebi a palavra Rhema. A revelação chegava a minha mente. Luz havia chegado. Finalmente entendi que a Ceia é celebração, dia de festa, é  comemoração da nova Aliança, da Aliança de sangue que temos com Deus, através de Jesus Cristo, o cordeiro imaculado. Ceia é comunhão entre os salvos. É o momento de estarmos sentados à mesa do nosso Senhor como diz o salmista: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda" (Salmo 23:5)".

E a mesa  do Senhor é mesa de compromisso,  mesa de comunhão, de perdão, mesa de fartura espiritual. É memorial para lembrar o sacrifício vicário de Cristo, que morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia dentre os mortos para a glória de Deus. Aleluia!
E o apóstolo Paulo reafirma em Coríntios 11:23-26:

"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha."

Assim, aprendi que:  

A celebração é em memória DEle e pare Ele;
O cálice representa a nova Aliança de Graça;
Temos uma esperança que é a volta do Senhor Jesus.

Ceia do Senhor é estar diante da mesa e nos examinarmos. É hora de fazer uma auto análise e não de julgamentos a outros. É reconhecer que estamos na posição que Cristo nos assegurou, de justiça de Deus, co-herdeiros com Cristo. É tempo de ratificação com Deus, tempo de cura, de prosperidade , de provisão. É tempo de lembramos que Jesus é o pão da vida. Ele foi moido por nossas transgressões e se fez pecado por nós, para nos dar tão grandiosa salvação.
Aleluia! Glorificado seja seu Nome.
Como diz um pastor americano: Ceia do Senhor é:
"Passado: Olhamos para trás, para o sacrifício que Jesus fez na cruz. Entendemos isto como sendo o fundamento e o centro de nossa salvação.

Presente: Quando meditamos no terrível preço que Jesus pagou para nos redimir de nosso pecado, nossa decisão de resistir à tentação é fortalecida.

Futuro: Entendemos que a morte de Jesus é a base de nossa esperança, e assim proclamamos nossa fé nele quando olhamos em frente para a volta do Senhor e para nossa salvação eterna. "

Glorificado seja o nome do Senhor pela vitória na Cruz que nos fez verdadeiramente LIVRES.

“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. João 8.31-32)

Um dia, eu, um FDP, entendi o que a palavra me diz e comecei a viver o poder dessa palavra.

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