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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

IV CAPÍTULO

CAPÍTULO IV
SOCORRO! ROUBARAM MEU PAI!

Na cabeça de qualquer bom FDP, sempre surgem perguntas como: Porque meu pai não tem tempo pra mim? Porque às vezes falo e ele não ouve? Porque eu chamo e ele não escuta? Vários ministros evangélicos do passado e não muito poucos da atualidade, enfrentaram o que descrevemos nos capítulos anteriores. Isso é fato. Envolveram-se de tal forma em seus ministérios que a atenção aos filhos se tornou equivocadamente em coisa de segundo plano.
Muitas vezes conversamos com adolescentes ou jovens FDP`s, que relatam que os pais os esqueciam dentro do carro em detrimento de reuniões demoradas em seus gabinetes. Afinal de contas, quem foi o FDP que não dormiu na porta da igreja até meia noite, aguardando terminar aquelas confraternizações de final de culto ou até nos bancos duros?
Quantas vezes nos deparamos precisando de nossos pais sacerdotes e eles não podiam nos atender por estarem ocupados em atividades da igreja?
E por falar atividades, qual o tempo que um pastor realmente dispõe de forma sistemática para brincar, correr, passear, ir ao shopping ou ao parquinho com seu filho? Criança merece atenção, precisa de tempo também para ela. E filho de pastor não é diferente de criança alguma. Ela merece ser ouvida, honrada quando mostra um desenho que acabou de fazer ou quando apresenta os trabalhinhos da escola.
Quando adolescente, o FDP, como qualquer outro adolescente, deve estar junto aos pais, sendo acompanhado, se sentido amado não de longe, mais de perto. Não monitorado, mas tendo um pai amigo, que se importa com ele. 
Deus instituiu a família e ela é o primeiro ministério, é a primeira célula cristã e social. Sem família sarada, não haverá igreja sarada. Sem família sadia, não haverá sociedade sadia. E a figura paterna tem importância fundamental nesse projeto divino. Não só em termos de provisão material, mas provisão sentimental e disciplinar, o pai é a pedra central de uma coluna familiar. Uma família sem essa referência, geralmente perde o foco do que Deus planejou e sonhou.
Quantas pessoas adultas nós encontramos por aí a fora, que perderam essa referência familiar e hoje são envolvidas em traumas, em melindres e medos. Pessoas inseguras, inconstantes, duvidosas, muitas vezes problemáticas, mal resolvidas, que não conseguem dizer pra que veio ou o que estão fazendo no mundo. E quase sempre casam e formam uma nova família com os mesmo problemas que não foram tratados.
Quantas e quantas vezes nos deparamos com filhos de líderes religiosos, que passaram por todos esses traumas promovidos pelas instituições e suas normas humanas, e pior, com o consentimento de pastores que foram omissos na criação de seus filhos. Homens que se dedicaram com corações puros ao Reino de Deus e se esqueceram que seus filhos estavam ali bem pertinho, querendo apenas um “Alô filho”.
Filhos que até hoje esperam ouvir de seus pais pastores a frase diária: “Eu te amo”. Filhos que esperam até hoje ouvir a declaração de seu pai à sua mãe: “Eu te amo querida”.
Meu pai, falecido há quase 20 anos, foi um homem de Deus. Deixou-nos um legado de vida cristã maravilhoso, nos ensinou a viver em amor, a conhecer cada dia a Bíblia, nos honrou, apesar de ter tantos filhos. Ele nos instruiu no caminho que deveríamos andar que é segundo a palavra de Deus. Cada um com seu comportamento, cada um com seu jeito, mas quando se fazia necessário, ele era todo ouvido, conselheiro, amigo e até duro se fosse o caso.
Meu pastor e pai também era gente, e não sei se você sabe, mas gente erra, gente peca, gente se engana. Ele viveu seus limites pessoais e até os limites de sua época. Era que pastor não tinha carro, se locomoviam em caminhões “pau de arara”, ou de bicicletas. Um geração de homens que não tinham muita idéia de controle de natalidade, onde a informação chegava a conta gotas. Os livros com certeza eram caros.
Mas em todas as épocas, as atividades ministeriais sempre foram intensas e dar atenção merecida a filhos sempre foi uma questão delicada para todas as gerações de pastores.
Atualmente, com toda modernidade, onde vivemos a era da informação, das redes sócias cibernéticas, dos msn´s, Orkut´s, twitter´s e facebooks, ainda não conseguimos ver facilmente pastores separando tempo para filhos, brincando com eles, dedicando tempo e entendendo que eles são parte integrantes de seu ministério.
Por isso que FDP´s continuam a gritar um clamor de socorro e pedido de atenção. E quando filhos de líderes percebem que a instituição religiosa tomou todo tempo de seu pai, sua jóia mais preciosa, vem as revoltas, o desinteresse, a desmotivação, o sentimento de quem foi traído ao invés de ser atraído por algo que é fantástico que é o discipulado dentro da própria casa.
Quero aqui convocar aos pais pastores, homens que estão vivendo este momento de tristeza em seus ministérios, em que seus filhos estão afastados dos caminhos outrora pregados, que voltem as raízes do Reino que é o AMOR.
Em I Coríntios 13, o texto é bem claro quando nos fala que podemos até falar a língua dos anjos, que mesmo que tenhamos o dom de profecia e saibamos todo mistério ou conhecimento e que podemos ter uma fé capaz de remover as montanhas, ainda dermos tudo aos pobres, se não tiver AMOR, nada seremos.
Queridos, até quando entenderemos que não há nada maior que o AMOR? Será que nosso ministério é maior que o AMOR? Será que departamentos e cargos de igrejas são maiores que o AMOR? Não há nenhum tempo nem atividade maior que o AMOR. O AMOR é para todos nós. O AMOR é de pais para filhos, de irmãos para irmãos, de vizinhos para vizinhos, de genro para sogra, de esposa para esposo e vice versa. O AMOR é de ovelha para pastor, de pastor para ovelha e filho de pastor também é ovelha e diga-se de passagem, uma ovelha que foi germinada das suas próprias entranhas.
Para alcançarmos aquilo que Deus deseja em nós e em tudo  que fazemos, teremos que liberar AMOR, pois tudo irá passar menos o AMOR.
Filho de pastor precisa ser amado, honrado não só pelo pai, mas honrado pela igreja local. Filho de pastor também precisa aprender a honrar e até a amar àqueles que lhe julgam e atiram as pedrinhas.
É hora de exterminar essa desvalorização histórica em nosso meio de que FDP é “coisa pra depois”. É hora de viver um tempo novo, tempo de honradez, tempo de respeito ao outro, tempo de renovação de mente, de conhecer e respeitar os outros com seus limites e defeitos. É tempo de ressaltar virtudes e qualidades. Precisamos viver um novo tempo de AMOR aos nossos irmãos em Cristo, aos irmãos de sangue, irmãos de ministério, ao nosso próximo. É tempo de falar e viver como Jesus falou e viveu: “Um novo mandamento lhes dou. Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros (Jo 13:34).NVI.
Sonhamos em ver pastores com seus filhos envolvidos em ministérios poderosos, cheio da unção do Senhor Jesus. Filhos de pastores não foram gerados para estarem no mundo, servindo ao reino das trevas, tocando em barzinhos por falta de reconhecimento e valorização. Não foram gerados para viver distanciados de planos traçados pelo próprio Deus em ministérios de homens escolhidos. Filhos de pastores são sementes que foram germinadas em oração, em dedicação ao Senhor e não frutos de um descaso religioso. Filho de pastor é a continuação de uma trajetória de fé Naquele que nos confiou uma missão de levar o seu nome, o doce nome JESUS.
Igreja não é instrumento de divisão familiar. Igreja é canal de comunhão fraterna. Igreja é encontro de santos e salvos que andam no mesmo sentimento, amor e fé.
Vivendo e compreendendo isto, cada coisa tomará o seu lugar e seu tempo e nunca mais ouviremos filhos de pastores dizerem: “SOCORRO, ROUBARAM MEU PAI!